sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Tirei a roupa e senti-me livre!

Não posso dizer, que esta coisa do nudismo era algo de novo para mim, pois acho que nunca foi, pois cresci mesmo ao pé de uma praia onde a prática já há muitos anos está legalizada, não sei a quantos, mas sempre vi por lá pessoas a praticar o nudismo. Eu andava por lá a passear ainda miúdo e lembrava-me que quando era pequeno a minha mãe deixava-me andar sem fato de banho, mas depois veio a “censura” e tapou-me… e eu sempre pensei, mas se eles podem porquê que eu também não posso? Mas deixei arrastar isto muitos anos, pois sempre fui magro e acabei por perder o respeito pelo meu corpo,  por achar que ele era feio, coisa que a prática do nudismo, dentro do naturismo, acabou por “curar” de vez! Mas já lá vou. Ouve um dia em que senti a minha vida perder-se, e pensei em muitas coisas que queria fazer e que ainda não tinha feito, uma dessas coisas era iniciar a prática do naturismo e descobrir mais sobre essa mesma prática, fui ao site da FPN e também ao site dos JPN, onde aderi a um fórum muito bom com pessoas muito simpáticas, que aliás parece ser apanágio de quem pratica naturismo, depois de tiradas algumas dúvidas, ganhei coragem e lá fui, sozinho…

A Praia

É preciso ver, que devido a complexos e a comentários ouvidos na praia, eu em 10 anos fui 2 ou 3 vezes há praia e sempre vivi mesmo ao lado dela, por isso a coragem interior e a vontade foi mesmo muita. Teve mesmo de ser, e lá fui. Estacionei o carro e naquele momento até tive vergonha de entrar na praia, pensei logo e se alguém me vê? Algum vizinho por exemplo!!! Mas não desisti e entrei confiante, cheguei à areia e olhei à volta. Decidi ir para longe do bar que está plantado à entrada da praia da Bela Vista, e comecei a percorrer a pé pela beira mar, procurando mais praticantes, pois pensei se tivesse perto de mais naturistas seria por certo mais fácil. E claro fui ganhando confiança para me despir. Comecei por notar que naquele dia pelo menos, não havia praticamente mulheres a praticar, a maioria era homens, o que me fez pensar, olha é como se estivesse no balneário lá do ginásio… ai como me enganei… estendi a toalha, poisei a minha mochila, e comecei a despir-me. Assim que fiquei completamente nu vi que realmente não tinha nada a ver com o balneário, senti-me logo mais livre e muito bem. Reparei também que ninguém olhou para mim e pensei imediatamente, que nas praias têxteis (como se refere nos meios naturistas) olham mais uns para os outros do que aqui, tirando os atletas da beira mar, como eu agora os chamo, aqueles que andam para cima e para baixo sem fazer nada mais senão olhar para os naturistas. Por isso da primeira vez quando ia a agua vestia o fato de banho. Da segunda vez que lá fui a praia, já com a minha namorada, ganhei coragem novamente e disse para mim, mergulhar sem o fato de banho é das melhores coisas por isso fui confiante e nem liguei a nada só ao meu bem estar, eu o sol o vento e o mar…
A minha namorada começou a medo a tirar apenas a parte de cima do bikini, e rapidamente se sentiu bem mas não tirou a parte de baixo, isso aconteceu muito depois, mas já é óptimo ela ter querido ir comigo e aceitar, também ela em praticar, mesmo que para já não tire tudo. Mas a praia da Bela Vista tem um problema, tem muito poucas famílias a frequentar, pelo que acaba por ter um ambiente um pouco diferente, mais adulto se quisermos ser simpáticos. E é pena pois penso que as famílias têm de reconquistar aquele espaço enorme e bonito.

Outras areias



Mas nós não ficamos por aqui, fomos à procura de outras praias que nos fizessem sentir bem e com um espírito livre, não fomos a muitas mais, pois não tivemos muitas oportunidades, mas gostava de referir que fomos à mais famosa aqui na zona, pelo menos a que sempre ouvi desde miúdo, a praia do Meco. Deixem que lhes diga fiquei desiludido… bastante até, a praia é um bocado distante, depois chegamos lá e o mar é muito bravo e aparentemente, pelo que me disseram, eu apanhei um dia onde o ambiente naturista era quase inexistente. Mas foi mais uma experiência, apesar de mesmo assim o estar a praticar naturismo tornou a praia bem mais agradável, pois o contacto com a natureza é sempre bom, dando até para eu fazer um pouco de Yoga, de tão vazia estava a praia.

O pequeno paraíso



Mas sendo eu teimoso e querendo ajudar a minha namorada a apreciar mais o naturismo, descobrindo uma praia que ela goste de verdade, investiguei e descobri a praia da Ursa. Lá fomos à aventura, chegamos lá e comecei a pensar, mas onde está a dita praia? Olhamos um para o outro e pensamos que só poderia ser engano, pois a descida parecia, a cada paço que dávamos, que ficava cada vez mais a pique e que íamos cair dali a baixo, mas a cada paço lá se ia descobrindo o caminho certo e depois estar ali a descer em direcção ao mar, sentir o vento na cara, quase parecia uma aventura. Vamos descendo, conquistando o caminho e chegamos finalmente. Mal metemos os pés na areia sentimos que estamos num sitio especial. Quase ninguém lá está, metade das pessoas que lá estão também praticavam naturismo, e não admira é mesmo o ambiente ideal para a prática. Até a minha namorada, que ainda nunca tinha tirado a parte de baixo tirou e vi, de repente, uma felicidade na sua cara e no seu olhar que ainda nunca tinha visto em 8 anos de relação, ai pois é, e isto tudo só pelo facto de ela se sentir bem, livre em contacto com a natureza e comigo. De uma forma muito diferente do que tínhamos sentido até agora. Ambos concordamos que o caminho é difícil, mas vale muito a pena ir lá. Á tarde chegou bastante gente, incluindo uma família de ingleses que ao verem que estávamos a praticar naturismo também tiraram a roupa ficando mais os seus filhos unidos e felizes por encontrarem aquele pequeno canto de areia, que tantas alegrias dá. Foi clara a alegria da família, uma alegria proporcionada pela relação deles com a natureza, com a liberdade de pensamento, ideal para o desenvolvimento das crianças, tal como de todos nós. A subida é longa mas o que fica de mais negro é mesmo o dizer adeus a esta praia, que quero visitar muitas e muitas vezes.



Texto e fotos Pedro dos Santos

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